No Brasil, por uma distorção que não sei explicar, qualquer caco velho, sem vinculação com a história, com a cultura ou com a arquitetura expressiva é tombado e vira foco de gastos públicos.
Dou risadas toda vez que a televisão comercial coloca uma propaganda envolvendo a "obra" de um tal GABRIEL DOS SANTOS e a equipara à obra de GAUDI e fico imaginando que o arquiteto catalão se remexe no túmulo a cada vez que a dita propaganda é veiculada. Como diz uma gíria corrente nos meios de comunicação, "Fala sério!"
O que merece ser tombado como uma obra expressiva, na qual várias gerações se empenharam em construir é a catedral abaixo, embora eu tenha sérias ressalvas quanto às suas finalidades e à circunstância de haver sido erigida com dinheiro público, isto é, com sacrifício imposto às pessoas em geral, independentemente de cultuarem ou não o catolicismo. Ocorre que lá e naquela época, como aqui e agora, os governantes, para captarem a simpatia dos fiéis, financiam os cultos como se o dinheiro público fosse seu.
Enquanto peça de arquitetura, não há como negar que seja uma preciosidade.
Claro que não foi construída pelo Vaticano e sim pela cidade, isto é, com recursos dos contribuintes, como revela a notícia transcrita.
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A opinião é praticamente unânime: a Catedral de Colônia é o
prédio sacro mais famoso da Alemanha. Sua história se inicia em 1164,
quando o imperador alemão Frederico Barba Roxa saqueou Milão,
transferindo os supostos restos mortais dos Três Magos para a cidade
renana de Colônia. Esta transformou-se em local de peregrinação, e a
afluência de fiéis era tão grande que a catedral da época não a
comportava.
Em
1248 o arcebispo Konrad von Hochstaden lançava a pedra fundamental do
novo santuário. A planta era de Mestre Girard, trazido especialmente de
Amiens, França. Inspirada em modelos franceses, a catedral foi projetada
no estilo predominante na época, o gótico. Mas a moda passa, e em 1560 a
construção foi interrompida, pois para os renascentistas o gótico
estava totalmente ultrapassado, e faltava dinheiro à cidade.
A segunda fase teve que esperar quase 300 anos. Em 1794, com a
ocupação da cidade por Napoleão Bonaparte, a casa de orações serviu até
como depósito de armas. Mas em 1842, Frederico Guilherme 4º, rei da
Prússia, ordenou a continuação das obras, sob a direção do arquiteto
Ernst Friedrich Zwirner. Assim o soberano protestante angariava a
simpatia da maioria católica de Colônia. A inauguração da "rainha das
catedrais" realizou-se em 15 de outubro de 1880, 632 anos após o início
da construção.
Tesouro de 6900 metros quadrados
A catedral – ou Dom
– é o principal cartão-postal de Colônia. Com 157 metros de altura,
suas torres podem ser vistas de praticamente qualquer ponto da cidade,
que tem um perfil plano. Somente o Portal de São Pedro, na face norte,
ornamentado com estátuas dos 12 apóstolos, data do século 14; os demais
arcos são do século 19. A porta principal mostra a passagem do Antigo ao
Novo Testamento, de Adão e Eva até Jesus; a dos Reis Magos traz santos,
reis, bispos e missionários; o portal da lateral sul é marcado pelo
estilo neogótico.
Seu interior tem uma área de 6900 metros quadrados, divididos em
cinco naves e sete capelas. Ele ostenta desde afrescos do século 14 a
vitrais no estilo romântico. As duas naves principais, com 43 metros de
altura, estão dispostas em forma de cruz. O coro, com 104 bancos de
carvalho esculpido, é o maior da Alemanha. Aqui, a sensação de
profundidade e altura é realçada pelas colunas lisas, formando arcos
pontiagudos ao encontrar o teto. A iluminação diurna fica a cargo dos
dez mil metros quadrados de janelas, parte das quais coberta com vitrais
coloridos.
Observar
"ao vivo" as imponentes proporções dessa catedral impressiona mesmo
aqueles que a conhecem de fotografias. O ponto alto de uma visita a este
monumento arquitetônico é o sarcófago dos Reis Magos, guardado numa
redoma de vidro. A arca que abriga as relíquias foi concluída em 1181
pelo artesão francês Nicolas de Verdun. Trata-se de uma obra-prima em
ouro, prata e esmalte.
Patrimônio ameaçado
Após sobreviver a duas guerras mundiais (e a 14 bombas na segunda), o Dom
tem que ser continuamente restaurado. Os técnicos de uma oficina
permanente experimentam, por exemplo, diversas maneiras de livrar sua
superfície externa da pátina negra que a cobre há décadas.
Não
apenas por razões estéticas: a poluição atmosférica ameaça os mais de
50 tipos de pedra empregados em sua construção. Sobretudo o calcário e o
arenito vêm sendo lentamente corroídos pela chuva ácida da região
industrial.
No século 21, a Catedral de Colônia enfrenta uma nova ameaça: a
cobiça dos especuladores imobiliários. Desde 1996 ela é Patrimônio
Cultural da Humanidade reconhecido pela Unesco, sendo uma das condições
não se construírem prédios altos em suas proximidades.
AV/dw
Revisão: Alexandre Schossler
Fonte: DEUTSCHE WELLE
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