Mas, os sindicalistas, em grande parte filiados à CUT e outras centrais cooptadas pelo sistema, quedam-se mudos. Viraram pelegos do governo e não se envergonham de tal posição, para desgraça das mais diversas categorias.
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Apesar dos sucessivos aumentos acima da inflação até o ano passado, o poder de compra do salário mínimo no Brasil ainda é um dos piores da América Latina, segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho).
Os dados se referem a 2009 e consideram 24 países latino-americanos.
Segundo a organização, o mínimo no Brasil é o 16º na lista (com poder de
compra equivalente a US$ 286, o que corresponderia ontem a R$ 483).
O valor é inferior, por exemplo, ao dos mínimos de Honduras, Paraguai e El Salvador.
A paridade do poder de compra (ou PPC) é um medidor do custo de vida de um país que busca relativizar as diferenças de ganhos.
Por exemplo, o salário mínimo no Brasil hoje é superior ao peruano (R$
360), mas, no país vizinho, os bens e serviços são geralmente mais
baratos, o que torna o seu poder superior ao brasileiro (US$ 334 a US$
286).
No ranking anterior divulgado pela OIT, com números de 2007, o Brasil ocupava o 11º lugar entre 14 países latino-americanos.
Hélio Zylberstajn, presidente do Instituto Brasileiro de Relações de
Emprego e Trabalho, diz que a valorização do real afeta o indicador.
"O salário mínimo, quando convertido em dólares, aparentemente compra
muito mais. Mas esse é um indicador enganoso neste momento porque nossa
moeda está sobrevalorizada", diz.
Zylberstajn destaca que, se o Congresso mantiver o salário mínimo em R$
540, o ciclo recente de aumento do poder de compra do rendimento-base
será interrompido.
Neste ano, a variação no salário mínimo foi de 5,9% -de R$ 510 para R$
540. A taxa é menor que o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)
no ano, de 6,46%. O INPC é o indicador usado para calcular os reajustes
do rendimento.
EFETIVIDADE
O professor da PUC-RJ José Márcio Camargo diz que a comparação do
salário mínimo brasileiro com o de outros países da região também deve
considerar a efetividade da base de remuneração.
"O salário mínimo no Paraguai pode ser muito alto, mas não vale nada", afirma.
Segundo ele, em muitos países onde o poder de compra do mínimo supera o
do Brasil no ranking da OIT, grande parte da população ganha o
equivalente ao valor ou até menos que a base.
DESIGUALDADE
De 2006 a 2009, enquanto o salário médio brasileiro em dólares cresceu
14,5%, descontada a inflação, o mínimo avançou 29,5% -a quinta maior
alta na região.
Claudio Salm, economista da UFRJ, destaca que esses números diferem dos
registrados na época do milagre econômico brasileiro, na década de 1970.
Na época, os salários médios -determinados pelo mercado- cresciam mais que o salário mínimo, reflexo de política pública.
Mas Salm argumenta que o fato de o Brasil ainda estar atrás de outros
países do continente em termos de salário mínimo mostra que o valor do
rendimento pago no país ainda é relativamente baixo.
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Fonte: FOLHA DE SP |
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