Itamaraty concede passaporte diplomático para o número dois da Universal
Documento, válido por um ano, foi emitido para Romualdo Panceiro nos últimos dias de dezembro
Gustavo Ribeiro
No apagar das luzes do governo Lula, o Itamaraty realizou uma série de
questionáveis emissões de passaportes diplomáticos. Um dos privilegiados
foi o bispo Romualdo Panceiro, da Igreja Universal. Ele recebeu o
documento em “caráter excepcional” nos últimos dias de dezembro. A
benesse, válida por um ano, foi concedida para atender um pedido formal
do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), também bispo da Universal, e
autorizada pelo ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Panceiro é o número dois na hierarquia da Universal, e apareceu em uma gravação de abril do ano passado
ensinando pastores a arrecadar dinheiro de fiéis durante a crise
econômica mundial. “Com essa crise, se não pegar tudo que tem no banco e
der para Deus, o espírito da crise vai pegar tudo”, disse o bispo
durante uma videoconferência. Ele recomendava aos religiosos usarem
passagens bíblicas para estimular os fiéis.
Por lei, os passaportes diplomáticos só podem ser concedidos a
autoridades de estado, como o presidente da República, ministros,
congressistas e, naturalmente, diplomatas. As exceções são permitidas
apenas para pessoas que representem interesses do país. O documento
diplomático facilita a entrada de seus portadores em outros países, pois
elimina a burocracia na alfândega.
Além do bispo, dois filhos do então presidente Lula, Marcos Cláudio e
Luís Cláudio, receberam o documento diplomático, válidos por quatro
anos. Têm direito ao passaporte diplomático filhos de presidente de até
21 anos (até 24 anos se estudante) ou portadores de deficiência. Não é o
caso de ambos.
O Itamaraty fez outra gentileza a Marcos Cláudio e Luís Cláudio: além
do passaporte, enviou um pedido formal à embaixada americana solicitando
visto para que os dois pudessem realizar uma viagem a Nova York de 5 a
15 de janeiro.
Rev. VEJA
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