Organizações
não governamentais (ONGs) cobram transparência das atividades que
envolvem energia nuclear no país. Durante a Cúpula dos Povos, evento
paralelo à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Sustentável (Rio+20), representantes de ONGs denunciaram que são
ignorados os casos de trabalhadores contaminados por urânio no município
de Caetité, na Bahia.
Durante debate da Articulação
Antinuclear Brasileira e da Coalizão contra Usinas Nucleares no Brasil, a
representante do grupo, Zoraide Vilas Boas, disse que recebe muitos
relatos de contaminação por radioatividade. Ao lembrar do acidente de
2010, quando milhares de litros de licor de urânio vazaram, cobrou a
divulgação de exames sobre a saúde dos trabalhadores e da população.
“Temos dificuldade de ter acesso à
realidade do que acontece naquele complexo mínero-industrial. O setor
nuclear é muito fechado, e eles não têm diálogo com a sociedade. Pelo
contrário, procuram minimizar qualquer problema “, afirmou Zoraide,
informando que, desde 2000, quando a mineração de urânio teve início em
Caetité, o Poder Público foi acionado diversas vezes.
Impactos ao meio ambiente em Caetité já
foram comprovados na água, disse o coordenador do Grupo Ambiental da
Bahia, Renato Cunha, que também participou da discussão na cúpula.
Segundo ele, amostras colhidas por ONGs e pelo governo estadual
comprovam níveis não toleráveis de radioatividade em águas subterrâneas.
Quanto aos impactos sobre os
trabalhadores, pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no início
deste mês, lançou um alerta. Segundo a pesquisa, os trabalhadores não
fazem exames ocupacionais e muitos terceirizados não têm treinamento
suficiente. A pesquisa também cita dados do governo estadual sobre a
prevalência de certo tipos câncer acima da média na cidade. Segundo os
pesquisadores, a contaminação, em geral, ocorre durante a manipulação
inadequada do concentrado de urânio, usado como combustível para as
usinas nucleares. Pode ocorrer ainda durante a ingestão de água ou
alimentos com teor de radioatividade acima do nível tolerável.
Fonte: CONSULADO SOCIAL
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