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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Arcebispo afirma que 'Estado laico não é dono da sociedade’


O arcebispo Eduardo Benes de Sales Rodrigues (na foto abaixo), 71, da Arquidiocese de Sorocaba (SP), escreveu em defesa da prática de orações nas escolas que o Estado laico não é dono da sociedade. “O Estado não é dono das escolas e, ao organizar o processo de ensino, deve levar em conta o bem da sociedade como um todo”, disse em um artigo publicado no jornal Cruzeiro do Sul.

Ele sustentou o seu ponto de vista com o argumento de que o Estado é posterior à sociedade, e foi esta que criou aquele para garantir o “bem comum”, cuja definição está na Encíclica Mater et Magistra, de João 23.

No caso do Brasil, ele não citou nenhuma vez a Constituição democrática de 1988 que estabelece a laicidade do Estado, à qual todos devem se submeter por vontade da sociedade.

O arcebispo admitiu ser o Estado laico uma “conquista da racionalidade política”, mas afirmou que a sociedade precisa de “um fundamento transcendente para os valores sem os quais a paz social se torna impossível”.

Ou seja, pelo argumento dele, a religião é a única fonte de tais valores, o que é altamente questionável. Mas ele admitiu, também, que a intolerância religiosa compromete a liberdade de religião ou de crença, “sobretudo em Estados teocráticos”.

Dom Rodrigues defendeu a pluralidade do ensino religioso (embora na prática o que prevalece é o proselitismo católico), admitindo até mesmo, além de “outras opções religiosas, “a profissão de fé ateística”. A palavra “fé”, nesse caso, soa como uma provocação aos descrentes, porque, para eles, "fé" é um produto da irracionalidade.

O arcebispo escreveu: “O leitor pode estar perguntando por que falo de 'profissão de fé ateística'. É que o ateismo é uma opção. Não se pode provar cientificamente a inexistência de Deus. A questão de Deus se coloca fora do campo da pesquisa científica. Ninguém encontra Deus por verificação empírica. Mas todos os cientistas acabam se colocando a questão: existe uma inteligência suprema que pensou o universo? Se existe, qual sua intenção ao desejar a existência do ser humano? É possível conhecer Deus? Quem é Ele e como Ele é? Mas esta não é uma questão a que as ciências possam resolver”.

Eduardo Benes de Sales Rodrigues, 
arcebispo de Sorocaba (SP)
Para dom Rodrigues, ateísmo
é uma profissão de fé
Dom Rodrigues disse que a crítica à religião é bem-vinda porque, transcreveu Bento 16, “há patologias na religião que são extremamente perigosas e que tornam necessário encarar à luz da razão como um, por assim dizer, órgão de controle, a partir do qual a religião sempre deve se deixar purificar".

Mas, prosseguiu na transcrição, "há patologias da razão (do que, hoje em dia, a humanidade em geral não tem exatamente consciência), uma hybris da razão, a qual não é menos perigosa, ao contrário, devido à sua potencial eficiência, muito mais ameaçadora: a bomba atômica, o homem como produto. Por isso, por outro lado, a razão também deve ser lembrada de seus limites e aprender a disposição de ouvir as grandes tradições religiosas da humanidade."

Em que pese o esforço do arcebispo em se mostrar sintonizado com a contemporaneidade, ao reconhecer a importância da critica à religião, a sua oratória é saudosista porque remete a um Brasil colonial, quando não havia a separação entre o Estado e a Igreja Católica.

O fato é que, hoje, um Estado laico que se preze não pode admitir religião nas escolas públicas. E ponto.

Com informação do jornal Cruzeiro do Sul.

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