O homem de hoje precisa da música
Entrevista com o
cardeal Ravasi no programa de rádio "Ecclesia in Urbe"por ocasião do
encontro "Em Diálogo: Fé e Música" com o maestro Riccardo Muti
ROMA, sábado, 2 de junho, 2012 (ZENIT.org) - "A criação é um evento sonoro. A criação é harmonia. E a harmonia se expressa através de uma forma musical".
Esta
é a maneira de expressar a importância da música, segundo o Cardeal
Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura,
entrevistado no programa de rádio Ecclesia in Urbe, que vai ao ar toda quinta-feira na Rádio Vaticano.
A música é uma linguagem universal que leva à descoberta da fé, disse
o cardeal. A relação entre essas duas realidades está enraizada nas
brumas do tempo, quando, como relatado no livro de Provérbios, "dançando
e cantando Deus criou a harmonia do universo”.
Exatamente nesta relação antiga, mas sempre nova, o cardeal Ravasi
concentrará o diálogo com o maestro Riccardo Muti, de renome
internacional, que será realizado segunda-feira, 4 de junho, na Basílica
de Santa Mariaem Ara Coeli, em Roma, às 19:30, intitulado "Em Diálogo:
Fé e música".
Este é o evento final da série de encontros do projeto "Una porta
verso L`infinito", organizado pelo departamento de comunicação social do
Vicariato em colaboração com o Conselho Pontifício para a Cultura, que,
desde dezembro, tem enriquecido a capital com iniciativas que realçam o
esplêndido papel da arte como instrumento para levar o homem a Deus.
“Sou ligado a Muti a partir de uma profunda amizade e conheço bem a
sua sensibilidade – disse o cardeal em entrevista à rádio. Com ele,
muitas vezes refletimos sobre a necessidade de tecer a busca musical
contemporânea com as novas formas de expressão, as novas linguagens, as
novas gramáticas musicais".
Tomando como sugestão esta "simbiose", o diálogo entre a fé e a
música pode e deve continuar ainda no mundo contemporâneo, exortou o
cardeal. "Deve sempre ecoar as palavras do Salmo 47 que diz: "Cantai a
Deus com a arte", afirmou. Uma expressão, difícil de decifrar, que
significa adaptar-se para interceptar a evolução da música, do canto, da
cultura em geral".
Isto, disse Ravasi, é explicado pelo fato de que, por um lado, "a
liturgia tem o seu sentido canônico, seu horizonte sagrado, sua numen”; por outro lado, liturgia significa "obra de um povo e o povo tem a sua linguagem, sua cultura que se desenvolve.
Recordou, então, as palavras de Shakespeare, quando ele escreveu:
"Cuidado com o homem que não ama a música. “Ele é como uma noite na
caverna, onde as víboras se escondem”. O cardeal disse que “o homem de
hoje precisa da música”.
A música, acrescentou, "tem uma dimensão de harmonia, de redenção, de
perfeição - é apolíneo, como dizia a grande cultura grega – e pode ao
mesmo tempo inquietar, perturbar: o aspecto dionisíaco".
É um "paradoxo que existe até hoje", afirmou Ravasi: a música, na
verdade, é "uma das linguagens fundamentais de comunicação,
especialmente para os jovens, mas às vezes tem uma dimensão interna de
estupor o pensamento".
Quando se torna "exasperado", explicou o cardeal, esta "pode
representar também o drama da juventude de hoje e de todos aqueles que
têm uma meta a alcançar." Neste sentido, concluiu, podemos dizer que a
música é "necessária" porque "registra o bem e o mal, que são a massa da
história da humanidade”.
Fonte: ZENIT
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