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quarta-feira, 25 de abril de 2012

Cachê de Gabriel O Pensador provoca saia justa em feira gaúcha


A divulgação de um cachê de R$ 170 mil para o rapper Gabriel O Pensador ser patrono da Feira do Livro de Bento Gonçalves (RS) fez o escritor gaúcho Fabrício Carpinejar cancelar sua participação no evento, que acontece entre os dias 5 e 16 de maio.

Carpinejar escreveu uma carta aberta à coordenação da feira, retirando sua participação.
"Nada contra o Gabriel, mas contra esse valor abusivo, chega a ser sobrenatural. R$ 170 mil é o valor de um prêmio literário, quase se equipara ao Prêmio São Paulo de Literatura, de R$ 200 mil", disse o poeta à Folha.
Ayrton Vignola/Folhapress
O cantor Gabriel o Pensador, que posa com seu livro "Um Garoto Chamado Rorbeto
O cantor Gabriel o Pensador, que posa com seu livro "Um Garoto Chamado Rorbeto"
"A feira nos avisou que haveria um cachê padrão de R$ 800 a R$ 1.000, ao qual renunciei em nome do projeto, mas é um susto quando isso acontece. Ser patrono é uma homenagem, não pode ser compensado com dinheiro", argumentou.
De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Bento Gonçalves, o valor não seria destinado ao músico apenas por ser patrono do evento. "Trata-se de um projeto maior que inclui um show, palestras e livros que serão distribuídos nas escolas do município. Não é muito."
"Pelo que li nas fontes oficiais da Prefeitura de Bento, haveria uma estratégia de utilizar o Gabriel como uma fonte para a cidade ter seu nome divulgado e ser acolhida para acolher, no futuro, um dos países da Copa. É surreal", disse Carpinejar.
Ainda segundo a prefeitura, o convite seria parte de uma estratégia para promover a cidade de 107 mil habitantes em todo o país, com o objetivo de que o município seja uma das subsedes da Copa do Mundo de 2014.
Para a prefeitura, porém, não haveria conflito entre o evento cultural e a promoção esportiva. "Gabriel tem uma forte ligação com o esporte, ao contrário da verba para o evento, que vem da Secretaria de Cultura, o dinheiro virá da Secretaria de Educação, por se tratar de um projeto maior".
"Sem demagogia, mas como medida prática, este valor daria uma boa entrada para a construção de uma escola. A gente não pode deixar a influência política contaminar o ambiente literário, é uma questão de respeito", rebateu Carpinejar.
A Folha tentou, sem sucesso, contato com Gabriel O Pensador.
Alexia Santi - 2.dez.08/Folhapress
O escritor gaúcho Fabrício Carpinejar
O escritor gaúcho Fabrício Carpinejar

Leia a íntegra da carta do escritor Fabrício Carpinejar
"Querida Coordenação da Feira:
Estou cancelando minha participação na 27ª Feira do Livro de Bento Gonçalves. Lamento fazer isso por todo amor que guardo pelos leitores da cidade.
É meu protesto pelo cachê absolutamente excessivo de R$ 170 mil destinado a Gabriel o Pensador. O artista (que eu admiro) não tem culpa de pedir o valor, porém a Prefeitura tem inteira responsabilidade de acatá-lo e não informá-lo da real capacidade cultural do município.
O anúncio de pagamento ao músico é uma afronta às vésperas de pleito eleitoral.
Literatura não deve ser feita para atrair público, e sim para formar público.
Feira do Livro não é uma Oktoberfest, uma Fenavinho, uma plataforma popular de shows musicais e apresentações midiáticas. Feira é intensificar leituras em escolas e universidades ao longo do ano para propiciar debates e mesa-redondas com escritores durante uma semana.
Uma receita simples e imbatível: ler e comentar, ler e discutir, ler e produzir idéias coletivamente e transformar o pensamento.
O escândalo? Trazer grandes nomes com dinheiro público a preços estratosféricos? é sempre a forma mais rápida de projeção nacional. A literatura é o modo mais lento, entretanto, com efeitos definitivos e perenes.
Quantas bibliotecas poderiam ser construídas com esse cachê? Quantas feiras poderiam ser realizadas com esse cachê?
Pense, querida coordenação, que o cachê é o equivalente a uma primeira parcela para fazer a Escola Municipal Infantil Paulo Freire, que acaba de ser inaugurada no Loteamento Panorâmico, no bairro São Roque, em Bento Gonçalves, para atender 240 crianças em turno integral.
Nas conversas telefônicas com a produção da Feira, aceitamos um valor padrão de R$ 1.000,00 (um mil reais), devido à alegação de que não haveria exceção, de que se tratava de uma regra extensiva aos demais participantes. A organização lamentou que não teria condições de exceder determinada quantia por limitação de orçamento. Vejo, infelizmente, que a Feira estava economizando com os autores gaúchos para pagar uma atração nacional.
Cuidado, a ilusão custa mais caro do que o sonho.
Grato,
Abraço,
Fabrício Carpinejar." 

Fonte: FOLHA DE SP

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