Em reunião tumultuada, convocações de Fernando Cavendish e de ex-diretor do Dnit acabaram adiadas por parlamentares
Eugênia Lopes, Ricardo Brito - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Os partidos aliados aplicaram um "freio" na
CPI do Cachoeira e impediram nesta quinta-feira, 14, a convocação do
empresário Fernando Cavendish, proprietário da Delta Construções.
Declarada inidônea há dois dias pela Controladoria-Geral da União, a
Delta é a principal empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC), do governo federal. A base aliada também rejeitou a convocação
do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(Dnit) Luiz Antônio Pagot.
Dida Sampaio/AE
Sessão da CPI do Cachoeira desta quinta-feira, 14, em Brasília
Os
requerimentos de convocação de personagens ligados à investigação de
Marconi Perillo (PSDB) foram quase todos aprovados, como o do jornalista
Luiz Carlos Bordoni, que acusa o governador de Goiás de usar caixa dois
durante a campanha.
Foram 16 votos contra e 13 a favor da ida de Cavendish - a negativa
de ontem não impede que o empresário seja convocado em outro momento da
investigação.
Para o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), há uma "tropa de cheque" na CPI (leia abaixo).
Amigo do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), Cavendish foi
blindado com votos da maioria da base governista. O PT votou em bloco
contra a convocação. O PMDB se dividiu: o senador Ricardo Ferraço (ES),
considerado "independente", votou a favor. O mesmo fez a deputada Íris
Araújo (GO), autora de um dos 11 requerimentos que pediam a convocação
de Cavendish. O deputado Ronaldo Fonseca (PR-DF), que também tinha um
requerimento com o mesmo teor, votou com a base.
O adiamento da convocação do empresário foi proposto pelo relator da
CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG). Ele argumentou que a comissão
precisa, primeiro, analisar toda a documentação para definir se é o caso
de chamar Cavendish. Cunha usou o mesmo argumento para propor o
adiamento da convocação de Pagot, que poderia falar sobre os contratos
do Dnit com a Delta. Foram 17 votos pelo adiamento e 13 contra. "Se
Pagot quer prestar alguma informação relevante, terá oportunidade
segundo a nossa conveniência." O petista observou que, se Pagot tiver
denúncias a fazer, deve procurar a Polícia Federal.
A oposição e até integrantes de partidos da base considerados
"independentes" consideraram a derrubada das convocações como "o fim da
CPI".
Quem votou pela convocação ameaçou deixar o plenário em represália à
decisão da CPI. "Não ouvir neste momento Pagot e Cavendish é transformar
a CPI em café com leite", afirmou o senador Pedro Taques (PDT-MT). "Foi
um dia deplorável para a CPI", disse o líder do PSDB na Câmara, Bruno
Araújo (PE).
Provocações. Antes de decidir pelo adiamento dos depoimentos de
Cavendish e Pagot, a CPI foi palco de mais uma disputa política entre PT
e PSDB.
Os tucanos apresentaram requerimento de convocação da presidente
Dilma Rousseff, em represália à proposta do PT de convocar José Serra,
candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo. O PT deverá retirar o
requerimento de convocação de Serra.
Fonte: ESTADO DE SP
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